“…venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu” [Mt. 6.10]
Devemos receber destes versículos uma admoestação proveitosa. Pois, se somos membros da Igreja, o Senhor nos chama para apreciarmos os mesmos desejos que Ele gostaria que os que criam sob a Lei apreciassem; ou seja, que desejássemos de todo o nosso coração que o reino de Cristo florescesse e prosperasse, e que também o demonstrássemos por meio de nossas orações.
Para nos dar maior coragem em oração, devemos observar que Ele nos prescreve as palavras. Ai de nossa preguiça, se extinguirmos por nossa frieza, ou apagarmos pela indiferença, o ardor que Deus desperta.
Contudo, saibamos que as orações que oferecemos pela direção e autoridade de Deus não serão vãs. Dado que não venhamos a ser indolentes ou não nos desgastemos na oração, Ele será um guardião fiel do Seu reino para defendê-lo por Seu poder e proteção invencíveis.
É de fato verdade que, embora permaneçamos sonolentos e inativos, a majestade de Seu reino será firme e certa. Mas, quando é menos próspero, o que é frequentemente o caso, do que deve ser, ou antes entra em declínio, como percebemos ocorrer nos dias atuais, temerosamente disperso e devastado, isso ocorre unicamente por nossa culpa.
E quando uma pequena restauração, ou quase que nenhuma, for vista, ou ao menos quando avançar lentamente, atribuamos isso à nossa indiferença.
Diariamente pedimos a Deus “que o Seu reino venha” (Mateus 6.10), mas dificilmente um homem em cem o deseja sinceramente. De forma justa, então, ficamos desprovidos da bênção de Deus, pela qual clamamos até a exaustão.
João Calvino.
Dia a Dia com Calvino: Devocional Diário, trans. Elisa Tisserant de Castro (Curitiba: Publicações Pão Diário, 2021), 50